22/11/12 - por Evilásio Júnior
A protetora de animais e veterinária,
Lílian Nunes de Amorim, registrou queixa, nesta quarta-feira (21), na 9ª
Delegacia da Boca do Rio, contra o abrigo Confraria dos Focinhos, em Vila de
Abrantes, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. O motivo foi o
"sumiço" de 21 gatos e três cadelas deixados por ela, que é
cadeirante, após compromisso de pagamento de R$ 500 mensais ao casal que
administra o sítio: Núbia Dagmar Lima dos Santos e Maurílio Barbosa Ferreira.
Inicialmente, Lílian pretendia deixar os bichos de estimação sob cuidado da
instituição por três meses, mas depois de receber mensagens que colocaram em
xeque a idoneidade do espaço, resolveu retirá-los após 45 dias. "Como eu
não podia ir a Camaçari, pela questão da locomoção, eu ficava preocupada e
sempre perguntava: 'e aí, como eles estão? Tem algum doente? Se tiver doente,
eu trago de volta. Não dê nenhum remédio. Se tiver qualquer coisa, me fale que
eu mando buscar'. E aí ela [Núbia] dizia 'não, estão ótimos. Deixa eles aqui
comigo que eles estão bem. Sempre me tirando de tempo. Aí eu comecei a
desconfiar do comportamento dela por achar que havia algo errado", relatou
Lílian, em visita à redação do Bahia Notícias, ao revelar ter solicitado apoio
de uma psicóloga para saber lidar com a situação.
"Eu pedia foto e ela dizia que a
câmera estava quebrada. Sempre dizia coisas boas deles. Chamava de meninos,
crianças. Ela ainda é sarcástica. Uma pessoa cruel. E o sofrimento da gente que
perde os nossos animais? Como é que fica? É irremediável. É muito triste",
complementou a veterinária, que chamou dois colegas de profissão para ir ao
local resgatar os animais. A ação, contudo, não obteve êxito. "Não havia
ninguém em casa, não nos deixaram entrar e, quando eu liguei, ela ficou muda no
telefone. Depois ficou nervosa e prometeu mandar fotos. Chegando lá, o marido
estava tremendo, tremendo muito mesmo, nervoso. Não havia nem sinal de gato lá.
E há muito tempo. Não tinha cheiro de gato. Nem vestígio", contou Lílian,
ao indicar que "alguma coisa grave" ocorreu. "A gente viu muitos
animais morrendo, definhando. Chegou a ver animais agonizando, na pele e no
osso, ou seja, sem alimentação adequada, em cima de sujeira, em uma condição
insalubre de sobrevivência. Não dá para a gente afirmar, mas algo sinistro
aconteceu", especulou.
O vereador eleito Marcell Moraes (PV) –
presidente do Grupo Ecológico Amigos da Onça (Geamo) – e a também protetora de
animais Gleice Santana, que acompanharam a denunciante, suspeitam que os cães e
gatos tenham sido mortos. "A gente quer saber onde estão os animais. A
gente deu queixa e vai montar uma equipe através da ONG para descobrir o que o
abrigo fez com eles. O segundo passo é entrar com uma ação para que a polícia
tenha permissão de entrar e averiguar o que aconteceu. Tem que prender essa
mulher urgentemente", defendeu o verde, que pede apuração ainda ao
Ministério Público. "A gente busca respaldo até para procurar ossada e
cadáver nas adjacências. Para saber onde estão os animais", emendou
Gleice, que relatou ter sido informada de maus tratos da Confraria dos Focinhos
nos seus aproximadamente três anos de funcionamento. Segundo ela, entre os
casos mais emblemáticos estão um cachorro que "urrava de dor", devido
ao rosto esfacelado por um abscesso que o deixou com o crânio aparente, e o
desaparecimento de cinco cães de raça um mês depois de serem deixados pelos
donos no local.
Núbia Dagmar e Maurílio Barbosa
(foto acima) não foram localizados para comentar as denúncias. Logo depois do
imbróglio com Lílian, a veterinária recebeu a informação de que a proprietária
do abrigo "fugiu". O BN apurou que o blog da instituição também foi retirado do ar. Abalada com o
transtorno, Lílian Nunes de Amorim fez um desabafo:"Há informações
de vizinhos, que não querem se identificar, que [os animais] foram mortos a
pauladas de madrugada. Deixei de comprar remédios, vitaminas que eu tenho que
tomar, porque a prioridade são os meus animais. Eu estou passando por aperto em
casa para pagar dois bandidos, um casal de estelionatários, que não têm nem
piedade da minha condição. Extorquir uma pessoa que á cadeirante é muito
grave".
Nenhum comentário:
Postar um comentário